Infeções da pele – Celulite – Diagnostico/Diagnóstico diferencial – Tratamento

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Infeções da pele – Celulite – Diagnostico/Diagnóstico diferencial – Tratamento

O corpo humano está protegido externamente pela pele e este órgão tem sido objeto de estudo constante. As suas principais funções são específicas de acordo com cada região do corpo; e as estruturas que a compõem variam de acordo com a zona anatómica.

É um tecido altamente dinâmico com capacidade de resposta. A função primordial é a proteção do organismo, impedindo a fuga de fluidos plasmáticos e a penetração de elementos ambientais perigosos. Este papel protetor está assegurado pela camada mais externa da pele a epiderme constituída por um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. A célula principal é o queratinócito, que produz a queratina, sendo esta proteína resistente e impermeável responsável pela proteção. A derme é constituída por tecido conjuntivo que sustenta a epiderme.

A um nível mais profundo encontra-se a hipoderme constituída por adipócitos separados por delicados septos de colagénio com estruturas nervosas, vasculares e linfáticas.

Fenómenos simples como a transpiração e piloereção por exemplo estão relacionados com a regulação térmica de forma central. A pele e as mucosas estabelecem limite até mesmo entre o que é permitido ou não interagir com o organismo. Quando detetam agentes agressores, são responsáveis por desencadear inúmeros fenómenos biológicos envolvidos com a ativação do sistema imune, libertação de mediadores químicos, mudanças estruturais do tecido e diversas interações celulares e moleculares e juntas estas interações apresentam danos expressivos. Se o dano é persistente, ocorre o comprometimento do tecido, especialmente da camada córnea. A infeção cutânea surge frequentemente na sequência da rutura da integridade da epiderme e instala-se com a invasão da derme e do tecido celular sub-cutâneo pelo agente patogénico e os mecanismos inflamatórios são solicitados como resposta à invasão.

Assim as infeções dos tecidos moles são caracterizadas por inflamação aguda, difusa, edematosa, supurativa e disseminada e estão frequentemente associados sintomas sistémicos como mal-estar, febre e arrepios. Quando o atingimento é mais profundo pode resultar em necrose dos tecidos requerendo o desbridamento cirúrgico extensivo.

A inflamação decorre da resposta geral e inespecífica do tecido vascularizado à agressão externa, no caso de contacto da pele com agentes patogénicos que desencadeiam uma infeção dos tecidos moles; uma das condições patológicas desencadeada pode ser denominada de celulite se atingir a derme profunda e o tecido subcutâneo e nem sempre é clara a distinção entre tecido infetado e não infetado.

S.aureus e estreptococos do grupo A são os agentes etiológicos mais comuns da celulite, mas ocasionalmente bactérias como Haemophilus influenzae, bacilos Gram-negativos e ainda fungos como Cryptococcus neoformans podem estar implicados na celulite. As portas de entrada dos agentes patogénicos estão favorecidas na presença de fissuras interdigitais da tinha dos pés, cortes na pele, picadas de inseto, insuficiência venosa crónica, síndrome nefrótica, úlceras no membro inferior, úlceras de pressão, linfaedema associado à drenagem linfática anormal, diabetes, obesidade, doença hepática, excesso de álcool, feridas cirúrgicas, queimaduras, uso de drogas por via endovenosa e há casos em que a porta de entrada não é aparente e não são evidentes os focos locais ou distantes da infeção. Por outro lado os agentes patogénicos transportados pelo sangue que causam celulite são: Streptococcus pneumoniae, Vibrio vulnificus e Criptococcus neoformans.

Com a instalação da infeção, os pacientes têm maior risco de propagação linfática e hematogénea, a evolução pode decorrer de forma muito rápida e as alterações como edema, eritema, aumento da temperatura local e dor, associados a vários graus de sintomas sistémicos resultantes exatamente da disseminação da infeção.

O diagnóstico diferencial auxilia na exclusão: Dermatite atópica, urticária, erisipela, reação inflamatória a picadas de insetos e tromboflebite superficial.

O tratamento é aplicado de acordo com o grau de celulite presente, sendo as medidas locais o repouso, imobilização e elevação da área para reduzir o edema e é fundamental o tratamento concomitante das “portas de entrada”, habitualmente tinha interdigital ou pequenas soluções de continuidade nos pés. Se a infeção é ligeira a moderada é utilizada antibioterapia oral. Na infeção grave é utilizada antibioterapia endovenosa.

Texto retirado da apresentação da Dr.ª Fátima Carvalho do centro clinico do pé no XIII Congresso Nacional de Podologia, Porto Portugal 25 e 26 de Maio 2018.

Dra. Fátima Carvalho
Licenciada em Podologia
Especialização em cirurgia de Ante-pé (NYCPM), USA